quarta-feira, novembro 27, 2013

Blue Jasmine

Simplesmente ótimo.

Acho que essa frase resume o novo filme de Woody Allen. 

Não posso dizer que sou fan incondicional do cineasta, visto que acho muitos de seus filmes  são apenas chatos, e outros razoáveis... o último que havia assistido tinha sido o ótimo Vick Cristina Barcelona.

Mas em Blue Jasmine, ele retoma a forma. O filme é absolutamente um dos melhores do ano.

Nele Jasmine (Cate Blanchett simplesmente a caminho do Oscar se não for pelo menos indicada será um grande erro da Academia) é a ex-mulher de um milionário que na verdade era um sonegador de impostos (que nos EUA dá cana) e que simplesmente da noite para o dia se vê completamente dura.

Bom se você não viu o filme ainda, daqui pra frente é spoiler total. 

Das festas no High Society (mostradas em flashback, muito bons para mostrar a personalidade do marido e da Jasmine) ela se vê tão sem dinheiro, casa, carros, joias, etc... e vê sua vida de rica fútil ir por ralo abaixo....com o marido preso,  ela é obrigada a atravessar o país (de NY para São Francisco) para morar com a irmã cafona Ginger (ótima Sally Hawkins) que é bem mais "modesta" do que a vida que ela levava em NY. Na verdade ambas são filhas adotivas, portanto não são irmãs de sangue e por anos a Jasmine ignorou a irmã por ser pobre e cafona, o que deixa a relação ainda mais delicada.

Boa parte do filme, Allen esfrega na cara do espectador as diferenças da vida de primeira classe vivida por ela antes... e a vida de gueto vivida por ela agora, mostrando bem as limitações de quem está fora do sonho americano.

Não é propriamente uma comédia como em alguns momentos pode parecer. 

Os problemas mentais de Jasmine (que vive falando sozinha após os fatos, tomando calmantes com vodka sem parar) ficam bem claros em momentos em que ela surta e fica falando sozinha na rua (cenas diversas mostram isso) e as diferenças sociais que ela é obrigada a aceitar pelo fato de não ter um centavo na carteira.

Nos momentos iniciais do filme, onde mostra ela chegando a São Francisco com suas bolsas Louis Vuitton, toda pomposa deixa claro que ela não perdeu a pose, mas perdeu toda a razão e o dinheiro.

Uma mostra de sua personalidade dúbia está no momento que conhece um emergente diplomata, mas mente ou melhor omite fatos de sua vida, na tentativa de arrumar um novo milionário para manter voltar com seu status perdido. Mas alguns fatos não tem como ser escondidos.  Na verdade ela já fazia isso com o marido, sabia que ele a traia com diversas mulheres (fica claro isso no filme) mas ela preferia "olhar para o outro lado" apesar das diversas evidências (tanto das traições como dos trambiques financeiros).

Suas tentativas de se levantar de todos os problemas são o tom do filme, a necessidade de voltar ao status anterior é maior do que qualquer outra coisa, mesmo estudar , trabalhar ou dar atenção aos namorados grosseiros e braçais de sua meia-irmã. É a velha história... é fácil ser pobre e aprender a viver como rico, do que o contrário. A vida da irmã deixa isso bem claro, na primeira oportunidade de largar os braçais namorados que ela sempre arranja, se agarra com tudo, mas acaba descobrindo que ele era casado, e volta a sua vida cotidiana no braço do namorado perdedor.

Uma atenção a trilha sonora, bem escolhida por sinal e acompanha bem os estados mentais da protagonista.

 No fim, no encontro com o filho desaparecido que sua personalidade vem a tona a partir dos diálogos... ela queria manter as aparências e quando o marido diz que vai se separar dela pra ficar com uma francesa bem mais nova, ela surta , dai todos os problemas ficam claros, são praticamente criados por ela mesma. Ela deixa claro que a traição (não a amorosa, mas sim a financeira a perda de status) é que dá o tom, ela mesma foi quem ligou para o FBI e entregou o marido, agindo por impulso, o que faz seu castelo de princesa ir por agua abaixo, destruindo assim a vida do marido, e por consequência a sua e a do enteado que se vangloriava em Harvard do pai ser um gênio das finanças.

Ela podia ter evitado a sua própria derrocada. Mas o instinto falou mais alto. 

Um belo filme para ver e rever. Um grande momento de Woody Allen e Cate Blanchett. 

Trailer.






Nenhum comentário:

Top Gun : Maverick

  Se você cresceu entre a década de 1980 e 1990, é impossível que não tenha visto ao menos uma vez aquele filme que traz , além de uma mega ...