A Viagem (Cloud Atlas)

Em um primeiro momento, passados 15 minutos de filme, a sensação de confusão é normal. Cloud Atlas (A Viagem) parece que na realidade quer isso mesmo, confundir.

O filme, são diversas histórias entrelaçadas, se voce realmente não estiver prestando atenção provavelmente vai sair com a sensação de que não entendeu nada. Precisará de alguns minutos pensando em algumas passagens para entender a ligação entre eles.

O filme é dividido em histórias em períodos bem diferentes, alguns no passado século 19, tratando de escravidão , períodos pós guerra, tempos atuais e um futuro a la Matrix pra todos (na verdade uma Nova Seul) , só que neste caso uma Matrix azul (quem assistiu Matrix algumas vezes entenderá a diferença).

A Viagem tenta traçar um paralelo entre as histórias, o problema é a constante mudança de planos , sendo que os mesmos atores atuam nas histórias de épocas diferentes, Tom Ranks por exemplo está irreconhecível em alguns deles, bem como Halle Berry que em uma das histórias muda até de etnia.

O que há de comum entre as hitórias, é a necessidade de ligação dos personagens , entre o passado e futuro, principalmente em algumas histórias em que essa passagem realmente faz sentido, pois trata-se de história do passado refletidas no futuro.

O filme trata de tudo, desde homossexualismo na década de 40 em uma famosa Universidade, de futuro pós apocaliptico onde a radiação ainda faz estragos, um futuro acima do nosso mas ainda intermediário (ai onde a referencia a Matrix faz sentido) e principalmente as referencias do passado, com universos muito bem construidos, personagens muitas vezes repugnantes mas geniais, e alguns que são principais em uma história e apenas coadjuvantes na história seguinte.

O filme de certa forma, apesar da dificuldade de acompanhar a ligação entre as histórias, faz o caminho da narrativa, com um personagem falando de suas ligações atuais, que reflitirão no futuro , e de como esse mesmo personagem chegou até ali graças as ligações do passado.

Confuso? É exatamente essa a idéia dos irmãos Wachowski, lendo inclusive algumas criticas antes de ver o filme, senti um certo preconceito de alguns pelo fato do Larry Wachowski ter se tornado Lana Wachowski, e como isso afetou parte da história do filme, principalmente na história homossexual de aceitação em uma das partes. Pode até ter afetado, mas a história tem uma ligação com o futuro que pelo menos (tenta) explicar a hipocrisia da sociedade da época.

Como se trata de um filme dos irmãos Wachowski, pode esperar um mar de referencias espirituais, futuristas, filosoficas, teorias surreais , tecnologias ruins , entre outras coisas, que torna impossível não haver uma comparação com Matrix, o principal filme da dupla.

Bom, o filme é muito inteligente, mas também tem seus cliches, partes e atuações ruins, bem como é muito longo, quase impossível ficar de olho aberto depois de duas horas de filme, com alguns trechos bem lentos.

O que parece é que tentam criar um novo estilo de filme onde o espectador tem de ligar os pontos para entender o final.

A estética visual, principalmente futurista deixa claro que foi impossível não beber da fonte de Matrix, Blade Runner, entre outros filmes de ficção do passado recente (digo últimos 30 anos) onde quase todos os personagens tem uma história e uma frase de efeito para passar para o público.

Apesar do filme ser bem centrado em personagens vividos por Tom Ranks e Halle Berry, uma atenção especial ao Hugo Weaving que aparece pratiamente em todas as passagens e está bem irreconhecível em algumas delas, bem como, nas mais futuristas , impossível não associa-lo ao agente Smith.

Uma  passagem no filme tem veia comica, a de um editor que tenta fugir de um asilo, que tenta dar uma leveza ao filme, mas sem tirar a atenção dos personagens das outras épocas.

Um filme bem complexo, para ver no cinema com calma, e depois assistir no DVD sem pressa, para se poder entender todo o universo mostrado e suas ligações. Pode ser um pouco cansativo, mas A Viagem vale as quase 3 horas de duração em que passa o filme.

Abaixo o trailer :