quarta-feira, março 22, 2017

Fences - Um Limite Entre Nós

Nos últimos anos , Denzel Washington tinha se dedicado a filmes comerciais, coisas simplórias que na maioria das vezes nem na sessão da tarde chega a passar, parecia que estava cansado de grandes filmes, como Malcoln X, Hurricane, Um Grito de Liberdade, entre outros que fizeram dele no período de 1989 a 2009 um dos grandes do cinema mundial, e que fez dele na minha opinião o melhor ator vivo (lembrando que o melhor de todos os tempos na minha opinião é Marlon Brando).

Mas ai como sempre acontece no Brasil, ao assistir ao Oscar que tinha vários filmes que nem tinham aparecido por aqui ainda, o vejo concorrendo novamente como melhor ator e diretor por Fences.


Em principio, mesmo depois da Viola Davis ter ganho como melhor atriz, continuei ignorando o filme pois pelo trailer me parecida bem chato e a história não parecia interessante, coisas que uma montagem ruim em um trailer podem fazer com você. Ledo engano.

De certa maneira foi até bom não ter lido, ou visto mais informações sobre o filme, pois se tornou mais um daqueles que me causaram grande impacto, por achar que viria um filme simples e acabei vendo uma obra de arte. (Já tinha acontecido coisa parecida comigo em Matrix que achava que seria apenas mais um filme de ficção e com "Procura-se um amigo para o fim do mundo" que mudou minha imagem do Steve Carrel").

O filme é baseado na peça de August Wilson , que inclusive foi encenada pelo excelente James Earl Jones na década de 80 nos EUA, e que já nos anos 2000 pelo próprio Denzel.

No filme (sim agora spoiler...) Denzel faz Troy Maxson, ex- jogador de baseball frustrado por não conseguido uma carreira e que agora anos depois, trabalha como lixeiro (coleta de lixo) nas ruas de uma Pittsburgh  nos anos 50 pós guerra. Seu filho quer ser jogador de futebol americano, entretando o cabeça dura do Troy quer que ele trabalhe e seja alguém na vida, frustrando tambem a carreira do filho. Em paralelo, sua esposa (uma excelente Viola Davis) faz de tudo para agradar o marido mandão, cabeça dura e que só enxerga as coisas pelo seu ponto de vista. Achando sempre que os filhos (ele tem um outro filho mais velho que não cresceu com ele e só aparece as vezes) joga toda sua frustração por não ter sido uma pessoa melhor, em seus filhos e mulher.

Uma atenção especial tem de ser dado a dois papeis fortes no filme, que fazem Denzel melhor ainda... o da esposa vivida por Viola Davis e do irmão com problemas mentais vivido pelo Mykelti  Williamson (esse demorou eu lembrar de qual filme o conhecia... depois de muito tempo lembrei do Bubba amigo do Forrest Gump no Vietna).

Com um texto bem atual, mostra bem os EUA dos anos 50 pré luta pelos direitos civis, com pais durões, severos e que muitas vezes transportavam para os filhos suas frustrações. 

O nome original do filme Fences (que é "cerca" em inglês) é bem o clima do que acontece, a cerca serve como uma maneira de unir a família na cabeça de Troy e de protege-la , mas que serve com o um meio de separa-lo da felicidade que vê do outro lado dela. 

Um filme sem trilha sonora, com poucos cenários (exatamente como no teatro) , lento, com diálogos longuíssimos, ótimas interpretações , é bem distinto do que vemos no cinema nos últimos anos, e que ao mesmo tempo o faz genial. Merecia mais do que o Oscar de atriz coadjuvante ganho por Viola Davis. Para poucos, provavelmente ignorado do grande público (na sala que assisti ontem haviam apenas 12 pessoas) mas com certeza um dos geniais da história do cinema. 








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