Todo filme refilmado é perigoso para o novo diretor, seja por causa da comparação, história, ou simplesmente por causa da turma do "o original é melhor". José Padilha conseguiu ao menos suprir minhas expectativas com o novo Robocop.
Pra quem é fan do original (de 1987 dirigido por Paul Verhoeven) o atual não deixa nada a desejar.
Nos primeiros trailer que vi, fiquei um pouco de nariz torcido, pois não retratavam fielmente o ótimo filme feito por Padilha.
No filme, (spoiler...) a história é basicamente a mesma, Alex Murphy é um policial corretíssimo que tem sua carreira abreviada, aqui de uma maneira diferente do original (senão pra que diretor novo né?) e acaba em um programa que tenta colocar robôs patrulhando os EUA, como já fazem no resto do mundo (claro no futuro, apesar dos drones estarem por ai), porém tem o entrave de uma lei de um Senador dos EUA que proíbem o uso de robôs no patrulhamento.
Claro que se torna uma história sobre a industria privada contra os interesses dos EUA, onde o mundo capitalista manda, as industrias ditam o ritmo das aquisições do Exercito, e tudo aquilo de sabemos sobre os EUA se enxergar como policia do mundo.
Boas mudanças no roteiro e a tecnologia atual melhoraram e muito tanto a roupa, como os movimentos do novo Robocop, vivido agora pelo ator Joel Kinnaman, ator pouco conhecido por aqui e acho que até por la...
A parte bélica foi bem escolhida, afinal o Robocop não é invulnerável, pode ser derrubado por armas calibre .50 pra cima, mas muitas coisas foram aprimoradas.
Aqui ele tem uma relação mais profunda com mulher e filho (que no primeiro são quase que só flashbacks no filme) o departamento de polícia está muito mais envolvido nos trambiques, e a OCP, aqui apenas OmniCorp controlada pelo Raymond Sellars (Michael Keaton) são parte da intriga entre homem e máquina, um sem escrúpulos a favor do dinheiro e que muda de opinião de acordo com suas ações na empresa sobem ou descem, dão um tom especial ao filme. E claro que todos a sua volta são como cachorrinhos esperando as ordens.
Neste Robocop o parceiro não é tão preponderante como no original, mas dá sua ajuda na hora certa.
Claro que Padilha usou a camera em primeiro plano, como em games na hora das lutas, para exatamente dar o ar de máquina ao Robocop, aqui muito mais controlado mentalmente (tecnologicamente) do que o original, e com sua capacidade de escolhas mais comprometidas, o que nos leva a fazer um paralelo aos filmes mais famosos de Padilha (Tropa de Elite 1 e 2) onde os soldados são treinados a exaustão até se tornarem máquinas a serviço do Estado. A comparação não é nada sutil, pra quem assistiu ao primeiro Tropa vai pegar fácil.
O humor que existia no Robocop original também foi praticamente esquecido neste, onde tudo parece mais sério, é um Robocop mais obcecado por justiça, e com o banco de dados da policia na cabeça, vira praticamente um zumbi a serviço da policia de Detroit.
Um filme muito melhor do que eu esperava, mesmo com suas duas horas de duração não é cansativo e acaba atraindo fans de ficção e de filmes de ação ao mesmo tempo que não esquece de contar uma história boa. Claro que tem seus problemas, mas são superados por boas atuações , principalmente do cientista que monta o Robocop vivido pelo ótimo Gary Oldman.
Uma especial atenção ao apresentador televisivo vivido por Samuel L. Jackson, ótimo no papel de direitista e de apoio aos interesses da industria bélica, não difícil de fazer um paralelo com programas atuais nas tv brasileiras.
Um filme a ver e no meu entender uma ótima entrada de José Padilha em Hollywood.
Trailer
quarta-feira, fevereiro 26, 2014
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