Pela segunda vez, estive no Jardim Botânico na Z/S de São Paulo. Apesar de muito bonito, acho bem interessante para um passeio a dois, ou levar crianças... para a fotografia muitas vezes sinto a falta de uma macro ou de levar modelos, coisa que o Botânico tem dificultado ultimamente, graças aos excessos de diversos fotógrafos.
A mais ou menos 20 anos, nas tardes da TV Cultura, ele reproduziram um documentário produzido por Bill Moyers na segunda metade da década de 80 chamada "O Poder do Mito", que na verdade foi uma série de conversas com Joseph Campbell, estudioso de mitologia e religião comparada. Não se trata de nada religioso ou com um fundo moral, mas sim uma série de informações sobre mitologia, da história do herói , uma narração absurdamente fantástica sobre a importância dos mitos para a humanidade. Suas histórias se tornaram uma série de livros muito conhecidos no final dos 80 começo dos 90. Todo seu conhecimento teórico, bem com suas viagens a Europa e conhecimento de várias línguas , foi preponderante para adquirir conhecimentos profundos sobre mitos diversos. O casamento, os nascimentos virginais, a trajetória do herói, o
sacrifício ritual e até os personagens do filme 'Guerra nas
estrelas' são abordados nesta obra. Abaixo parte da entrevista (A Saga do Herói) com Bill Moyers (antigo secretário de imprensa da Casa Branca na década de 60). Uma série de informações imperdíveis.
Todo filme refilmado é perigoso para o novo diretor, seja por causa da comparação, história, ou simplesmente por causa da turma do "o original é melhor". José Padilha conseguiu ao menos suprir minhas expectativas com o novo Robocop. Pra quem é fan do original (de 1987 dirigido por Paul Verhoeven) o atual não deixa nada a desejar. Nos primeiros trailer que vi, fiquei um pouco de nariz torcido, pois não retratavam fielmente o ótimo filme feito por Padilha. No filme, (spoiler...) a história é basicamente a mesma, Alex Murphy é um policial corretíssimo que tem sua carreira abreviada, aqui de uma maneira diferente do original (senão pra que diretor novo né?) e acaba em um programa que tenta colocar robôs patrulhando os EUA, como já fazem no resto do mundo (claro no futuro, apesar dos drones estarem por ai), porém tem o entrave de uma lei de um Senador dos EUA que proíbem o uso de robôs no patrulhamento. Claro que se torna uma história sobre a industria privada contra os interesses dos EUA, onde o mundo capitalista manda, as industrias ditam o ritmo das aquisições do Exercito, e tudo aquilo de sabemos sobre os EUA se enxergar como policia do mundo. Boas mudanças no roteiro e a tecnologia atual melhoraram e muito tanto a roupa, como os movimentos do novo Robocop, vivido agora pelo ator Joel Kinnaman, ator pouco conhecido por aqui e acho que até por la... A parte bélica foi bem escolhida, afinal o Robocop não é invulnerável, pode ser derrubado por armas calibre .50 pra cima, mas muitas coisas foram aprimoradas. Aqui ele tem uma relação mais profunda com mulher e filho (que no primeiro são quase que só flashbacks no filme) o departamento de polícia está muito mais envolvido nos trambiques, e a OCP, aqui apenas OmniCorp controlada pelo Raymond Sellars (Michael Keaton) são parte da intriga entre homem e máquina, um sem escrúpulos a favor do dinheiro e que muda de opinião de acordo com suas ações na empresa sobem ou descem, dão um tom especial ao filme. E claro que todos a sua volta são como cachorrinhos esperando as ordens. Neste Robocop o parceiro não é tão preponderante como no original, mas dá sua ajuda na hora certa. Claro que Padilha usou a camera em primeiro plano, como em games na hora das lutas, para exatamente dar o ar de máquina ao Robocop, aqui muito mais controlado mentalmente (tecnologicamente) do que o original, e com sua capacidade de escolhas mais comprometidas, o que nos leva a fazer um paralelo aos filmes mais famosos de Padilha (Tropa de Elite 1 e 2) onde os soldados são treinados a exaustão até se tornarem máquinas a serviço do Estado. A comparação não é nada sutil, pra quem assistiu ao primeiro Tropa vai pegar fácil. O humor que existia no Robocop original também foi praticamente esquecido neste, onde tudo parece mais sério, é um Robocop mais obcecado por justiça, e com o banco de dados da policia na cabeça, vira praticamente um zumbi a serviço da policia de Detroit. Um filme muito melhor do que eu esperava, mesmo com suas duas horas de duração não é cansativo e acaba atraindo fans de ficção e de filmes de ação ao mesmo tempo que não esquece de contar uma história boa. Claro que tem seus problemas, mas são superados por boas atuações , principalmente do cientista que monta o Robocop vivido pelo ótimo Gary Oldman. Uma especial atenção ao apresentador televisivo vivido por Samuel L. Jackson, ótimo no papel de direitista e de apoio aos interesses da industria bélica, não difícil de fazer um paralelo com programas atuais nas tv brasileiras. Um filme a ver e no meu entender uma ótima entrada de José Padilha em Hollywood. Trailer
Existe em Araraquara, interior de São Paulo um assentamento antigo formado a partir das casas dos colonos das fazendas que existiam na região, chamado Assentamento Bela Vista. O Ricardo Fernandes do Foto Clube Aracoara havia comentado nos convidado para fotografarmos alguns eventos que aconteceriam por la, na parte da manha uma inauguração de parte das casas pintadas (patrocínio Coral) e a noite um "Terço de Reis" na casa de um dos assentados. Durante a manha estava garoando, o que dificultou bastante as fotos, por isso a maioria das fotos deste horário são de um casarão abandonado (e seu dono/personagem) que morava por la.. porém a noite durante o Terço a chuva parou e como era praticamente dentro da casa do assentado, pude fazer algumas fotografias interessantes sobre o evento, que na verdade era como uma Folia de Reis (6 de janeiro) fora de época. O grupo de Reis eram provenientes de Ibaté (Companhia dos Reis - Adoração dos Magos) e fizeram uma bela apresentação na casa, com a presença de muitos dos locais, pois além do Terço houve uma "galinhada" logo após a cantoria. Um evento bem interessante, principalmente pra mim que sou nascido e criado na capital e não conheço muito das tradições do interior de São Paulo, vendo ali a emoção das pessoas, principalmente as mais idosas com as músicas de adoração aos reis magos. Abaixo link para algumas fotos que consegui por la e postei no Flickr. http://www.flickr.com/photos/59487922@N00/sets/72157641473212135/
Faz um bom tempo que tenho visto que Leonardo DiCaprio tem melhorado muito com a idade. Em Diamantes de Sangue já tinha mostrado que poderia ser um grande ator, e não só ator de Blockbuster como Titanic, mas que podia conduzir um filme sem tantos recursos tecnológicos, mais com seu poder de interpretação. Já tinha acertado a mão em vários filmes, como Os Infiltrados, Diamantes de Sangue, A Origem, Django Livre entre outros. Em O Lobo de Wall Street, acho que ele conseguiu finalmente um papel a sua altura. Interpretando Jordan Belfort, figura central de um intrincado jogo de corretores da Bolsa de Nova York entre o final dos anos 80 e durante os anos 90, ele consegue interpretar sublimemente a figura de um fanfarrão dos negócios, sem o menor tino moral, simplesmente tirando dinheiro de seus clientes da melhor maneira que consegue fazer, na lábia através da sua corretora e da Bolsa de Valores. No filme (spoiler...) Belfort aproveita ao máximo tudo que o dinheiro fácil pode lhe render: carrões, viagens, mulheres (de prostitutas de luxo a uma belíssima esposa interpretada por Margot Robbie), entre festas regadas a drogas diversas e barcos de luxo, e até bizarrices como campeonato de arremesso de anão, ele mostra o outro lado de Wall Street, muito além das corretagens, existem pessoas sem o menor escrúpulo em limpar sua conta em troca de ações furadas. Martin Scorsese em mais um trabalho com DiCaprio, traduz como ninguém as loucuras das facilidades financeiras da Bolsa entre os crashes de 1987 e 2008. Apesar da seriedade do tema, Scorsese leva tudo com humor impar, mostrando claramente que tudo aquilo era um mundo volúvel e que tudo poderia acabar a qualquer momento. A cena onde tomam muitos remédios na casa de Belford, e ele sai com sua Ferrari branca até o Country Club local (excesso do excesso... ) mostra bem o tom surreal que ele vivia, onde achava que tudo de errado só poderia acontecer com os outros e não com ele. Em alguns momentos pode se achar que estamos diante de uma exaltação aos excessos, do dinheiro fácil e das orgias desenfreadas (muito bem retratadas no filme, com cenas onde dezenas de garotas de programa invadem a Corretora transformando ali em um enorme bacanal) ... mas na verdade é uma crítica a toda a loucura financiada por Wall Street e seus corretores sem noção dos últimos anos. Um filme sério e surreal ao mesmo tempo, com interpretações ótimas e elenco de peso, e com certeza um dos bons concorrentes ao Oscar deste ano. A ver... um dos grandes filmes de 2014. trailer