segunda-feira, novembro 17, 2014

Não me abandone jamais

Algumas vezes estar acordado de madrugada (sabendo que vai perder horas de sono do dia seguinte) acaba valendo a pena. 

Ontem no misto de insonia com preguiça, fiquei horas vendo filmes em dvd, torrent, etc... mas somente no começo da madrugada já com vontade de dormir, vi um comercial na Globo de "Não me deixe Jamais".

O filme no começo te da uma impressão de "Sociedade dos Poetas Mortos" visto que se passa em uma escola tradicional inglesa, cheia de regras rígidas, professoras que parecem mais generais e por ai vai. 

Ledo engano. Com o tempo você começa a perceber que o desenrolar do filme vai ser um misto de tristeza com uma ótima história sobe a permanência da vida, ou melhor, sua brevidade. Vendo depois na internet, vi que o filme é baseado no livro de Kazuo Ishiguro, "Never let me go".

No filme (apesar de ser de 2010 se você não assistiu como eu, é spoiler...) estamos no início da década de 50, e finalmente conseguiram desenvolver a cura para todas as doenças. Informações que já aparecem logo no letreiro de entrada. Com essa premissa se tem a impressão de que veremos um belíssimo filme. Sim será belíssimo, mas por outros motivos. 

O filme basicamente é sobre três crianças/adolescentes/adultos que vivem um triangulo amoroso. Porém a narrativa mostra que os caminhos que terão de seguir, serão mais trágicos do que de um romance convencional. 

No internato, na verdade eles vão descobrindo que são "clones" de outras pessoas, criadas e educadas apenas para doar seus órgãos quando chegam a fase adulta da vida. E não tem nada o que podem fazer para sair desse fim trágico. 

Um filme de ficção cientifica, mas sem todos os aparatos Hollywoodianos que estamos acostumados, um filme típico Europeu, com narrativa lenta, explicações para todas as ações e um amor que muitas vezes não é, ou pode, ser correspondido. 

Na trama, após descobrirmos que as crianças estão la para este fim, há um corte para o futuro com eles já adolescentes, tendo de sair do internato e viver o que lhes resta na vida em uma vila com diversos outros adolescentes na mesma situação. Mas desde a infância, a história de três personagens se cruzam, Kathy, Tommy e Ruth , que sempre pensam naquilo que acontecerá com todos nós, o fim, entretanto o deles bem antes do que se espera da vida.

No filme existem algumas passagens (que muito me interessaram) sobre a importância da arte, colocada como uma maneira de "sentirmos" se existe a alma ou não nas pessoas, muitas vezes desestimulados a tentar.

A sensação de perda pelos personagens é inevitável. A única esperança é a possibilidade do amor verdadeiro salvá-los por um tempo, uma história que ouviram quando adolescentes e que Ruth já muito debilitada pelas doações, tenta em um ato de reconciliação (ela ficara com Tommy apenas para não se sentir só) em uma tentativa de ajudar Tommy e Kathy a ter uma pequena sobrevida. 

A angustia dos personagens é visível a cabo que e tempo vai passando e suas perspectivas de vida vão diminuindo. 

Um filme ultra sensível, sobre o amor, permanência e a finitude da vida, mesmo para aqueles que ainda são muito jovens para pensar nisso. Muitos vão achar lento e chato... mas garanto que apesar de triste, um dos mais belos filmes que assisti. 

Como diz Kathy já no fim " Talvez nenhum de nós tenha entendido o que vivemos, ou sentido que tinha tempo o suficiente".



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