sexta-feira, julho 11, 2008

Vinicius de Morais


  Ternura 

 Eu te peço perdão por te amar de repente 

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos 

Das horas que passei à sombra dos teus gestos
 Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos 
Das noites que vivi acalentando 
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo 
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. 
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo 
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas 
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
 É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias 
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta 
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora. 

 Vinícius de Moraes 

Soneto do Amor Total 

 Amo-te tanto, meu amor ... não cante
 O humano coração com mais verdade ... 
Amo-te como amigo e como amante 
Numa sempre diversa realidade. 
 Amo-te afim, de um calmo amor prestante
 E te amo além, presente na saudade. 
Amo-te, enfim, com grande liberdade 
Dentro da eternidade e a cada instante. 
 Amo-te como um bicho, simplesmente 
De um amor sem mistério e sem virtude 
Com um desejo maciço e permanente. 
 E de te amar assim, muito e amiúde 
É que um dia em teu corpo de repente 
Hei de morrer de amar mais do que pude.

 Vinícius de Moraes

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