quinta-feira, dezembro 21, 2006

Um ano de muitas dúvidas

2006 foi um ano estranho... na política, Lula apesar de mensalões, ganhou mais uma. No governo do Estado de SP , Serra que também enfrentou diversas acusações e também foi eleito governador (no primeiro turno..)

Esperaram passar as eleições, e já entraram de sola, aprovando um aumento do próprio salário (deputados) de 91 % que ainda está na justiça para tentar impedir esse "tapa na cara" do eleitor.
Nos esportes, Corinthians envolvido com denúncias , basquete nacional na lama com a administração do Grego, e volei campeão de tudo que jogou. Mais uma prova que a organização supera de longe os "rios" de dinheiro do futebol. Já no basquete, que deus nos ajude...
E a copa... melhor nem comentar.
Fui assistir ao campeonato mundial de basquete feminino no Ginasio do Ibirapuera, disse CAMPEONATO MUNDIAL, banheiro fedia mais que o do metro Sé, e no intervalo fomos procurar algo para comer e beber... a lanchonete? Fechada.

Fora do Brasil, Irã promete bomba nuclear, o Iraque em guerra civil, e a Venezuela rindo de tudo e todos... Faixa de Gaza, Libano e Israel sempre na mesma...

Em São Paulo , violencia de facção criminosa, gente matando por miséria, a riqueza cada vez mais rica e os pobres..... adivinha???

Um ano que tinha tudo para ser perfeito, já que em ano eleitoral tudo anda, para dizer que fez alguma coisa, Lula, Alckmin etc... tocam obras a velocidade da luz.

Mas mesmo assim não tivemos problemas financeiros, certo? Salário mínimo de R$ 350,00 deve dar para viver bem , cesta básica vai salvar o mundo e bolsa família de R$ 30,00 é complemento de renda. Afe.

Pensando bem não foi um ano estranho. Foi um ano como os outros , a diferença e que chega um momento que isso cansa. E eu cansei de ser tratado como palhaço, correr atrás do dinheiro, enquanto deputado dobra seu salário, de pegar onibus, enquando carros oficiais são usados para levar filho de político na escola, de ver enchentes em SP, enquanto brincam com o dinheiro da cidade a 10 anos construindo Fura Fila que não acaba nunca.... 2007 muita coisa vai ter de mudar ou isso aqui vai virar guerra civil, o povão não aguenta mais andar com nariz de palhaço.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Diz tudo...

A melhor do mês...




20/12/2006 - 11h25
Demitido, repórter acusa TV Globo de manipulação na cobertura eleitoral

Da Redação
Em São Paulo

Rodrigo Vianna, repórter-especial da TV Globo de 1995 até esta terça-feira, enviou ontem (19/12) a colegas uma carta em que acusa a "Globo" de manipulação em sua cobertura das eleições presidenciais. Vianna divulgou o texto após receber o aviso de que seu contrato não seria renovado.

No texto, o repórter afirma que a emissora atuou para prejudicar a campanha de Lula à reeleição. "Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo (...) Isso não foi o pior", diz Vianna na carta. "Na reta final do primeiro turno, os 'aloprados do PT' aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui".

O jornalista diz também que a direção da emissora barrou reportagens e investigações que envolvessem o PSDB. "Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?"

De acordo com Vianna, alguns jornalistas da emissora questionaram as opções editoriais, mas não receberam respostas convincentes. Após as eleições, o repórter foi afastado da cobertura política e destacado para atuar nos jornais locais, apesar de, ao longo de sua trajetória na "Globo", ter produzido mais de duas dezenas de edições do "Globo Repórter". "Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao Jornal da Globo, temos um desfile de gente que está do mesmo lado", critica.

Procurada pela reportagem do UOL, a Central Globo de Comunicação disse apenas que "a TV Globo informa que Rodrigo Vianna encaminhou a mensagem após ter sido informado pela emissora de que seu contrato não seria renovado".

Leia, abaixo, a íntegra da carta do jornalista:

Lealdade
Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira?"

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.

E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas. Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".

Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Uma luz no fim do túnel???

Em segundo julgamento, STF confirma suspensão de reajuste a parlamentares

DA Folha online - GAbriela Guerreiro

Por unanimidade, o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça-feira acatar, preventivamente, o mandado de segurança que não permite a publicação do ato das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado que eleva para R$ 24.500 os salários dos parlamentares do Congresso.

Os ministros do Supremo entenderam que o Congresso não pode conceder reajuste em decisão das Mesas, mas sim por meio de projeto de decreto legislativo que deve ser aprovado no plenário das duas Casas.

"Eu concedo a liminar para suspender eventual ato da Mesa com base no decreto que entendemos não se aplicar para o ato", explicou o relator do mandado, ministro Ricardo Lewandowski.

Segundo o STF, o ato das Mesas foi baseado em um decreto que permite a concessão de reajuste sem a votação no plenário. O decreto, no entanto, vigora na atual legislatura e, no entendimento dos ministros do Supremo, ele não estará em vigor na legislatura que começa em 2007, o que, na prática, derruba o aumento dos salários.

A decisão do tribunal foi uma resposta a um grupo de parlamentares contrário ao reajuste.

Mais cedo, o STF já havia afirmado, por maioria, que o reajuste só poderia ser concedido por meio de um decreto legislativo.

Projeto

Para que os deputados e senadores possam reverter a decisão do Supremo e subir seus salários de R$ 12.800 para R$ 24.500, eles terão que apresentar um projeto de decreto legislativo.

Como a atual legislatura termina na próxima sexta-feira, os parlamentares teriam que viabilizar votações na Câmara e no Senado ainda nesta semana.

O aumento nos salários dos parlamentares representaria um gasto extra anual de ao menos R$ 1,66 bilhão aos cofres públicos --já que Estados e municípios seguem o aumento federal, no chamado "efeito cascata".

quinta-feira, dezembro 14, 2006

E o Salário Mínimo vai pra R$ 375,00???

Isso sim é um país de bananas. Salário mínimo sendo discutido para aumentar em 25 reais e o governo reclama. Agora os "parlamentares" aumentam o próprio salário em 100% !!!! Como se 12.800 não estivesse bom pra quem aparece lá uma ou duas vezes por semana.... PUTA QUE O PARIU !!!!

Da Folha Online

14/12/2006 - 14h26

Câmara e Senado fecham acordo para elevar salários para R$ 24.500

ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Líderes partidários da Câmara e do Senado fecharam um acordo hoje para reajustar os salários dos deputados e senadores. Após o encontro, o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), confirmou que o Congresso deve equiparar o salário dos parlamentares aos vencimentos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), de R$ 24.500.

Hoje, os parlamentares recebem R$ 12,847,20. A mudança --que representa um aumento salarial de 90,7%-- vale para os salários dos parlamentares que assumirem seus mandatos em fevereiro de 2007.

O reajuste vai ser concedido por ato conjunto das Mesas da Câmara e do Senado e não vai ser submetido à discussão nos plenários do Congresso. Somente o PSOL se pronunciou contra a decisão.

O último aumento salarial significativo dos parlamentares ocorreu em 2003, quando a categoria elevou a remuneração de R$ 8.280 para R$ 12.720 --na época, teto salarial dos ministros do STF. Desde então, houve outro aumento de 1%, que elevou os salários para R$ 12.847,20.

O reajuste deve representar um gasto extra anual de pelo menos R$ 1,66 bilhão aos cofres públicos --já que Estados e municípios seguem o aumento federal, no chamado "efeito cascata".

Para minimizar o impacto do reajuste, os parlamentares disseram que o aumento será concedido sem a ampliação das despesas das duas Casas. É que eles pretendem fazer cortes em despesas administrativas da Câmara e do Senado para garantir que a equiparação fique dentro do orçamento.

Aldo disse que na Câmara os cortes --que devem somar R$ 150 milhões-- serão feitos na área administrativa, como reformas dos apartamentos funcionais e na construção de prédios para acomodar os parlamentares. Ele adiantou também que não deve haver cortes nas verbas indenizatórias dos parlamentares.

Foi derrotada, na reunião dos integrantes das Mesas Diretoras e líderes partidários das duas Casas, a proposta que elevaria os salários os parlamentares para R$ 16.500 --uma correção da inflação no período.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Realidade Paralela ?

Sabe aqueles dias que voce lê coisas e parece que está em uma realidade paralela?

Do Estadão

Suplicy prevê Delfim Neto no governo Lula


Petista diz que deputado daria ´contribuição positiva´ em segundo mandato

Rosa Costa


SÃO PAULO - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse nesta terça-feira, em discurso na tribuna do Senado, que não se surpreenderia se o presidente Lula convidasse o deputado Delfim Neto (PMDB-SP) para sua equipe. "Para colaborar, por exemplo, no Banco Central, porque, dada a sua experiência e aquilo que tem refletido, penso que ele poderia trazer uma contribuição positiva", justificou. Delfim tem sido um dos críticos mais ácidos da cautela do BC na condução da política de juros.

De acordo com o senador, Delfim - que foi ministro duas vezes no regime militar - tem hoje uma "visão crítica" do que ocorreu naqueles anos. "Obviamente, no âmbito de um governo como o do presidente Lula, que é um amante da democracia, jamais estaria Delfim Neto considerando sugerir medidas que não fossem de pleno respeito às formas democráticas".

Para o senador, a morte do ex-ditador do Chile Augusto Pinochet é "um momento de reflexão" contra qualquer tentativa de retrocesso na América Latina. "Só quero dizer que avalio que as reflexões de Delfim Neto junto ao Copom seriam adequadas e interessantes".

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) entendeu as palavras como "uma preparação para que a nação aceite, sem traumas, a presença de Delfim Neto no governo renovador de Lula".

Em aparte, senadores criticaram Lula por atingir o arquiteto Oscar Niemeyer - que vai completar 100 anos - com a declaração de que uma pessoa idosa, se é de esquerda, tem problemas.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Logica

As contas do presidente não batem. O tribunal de contas já rejeitou duas vezes....por que será?
Mas ele não sabia de nada. Ele não viu nada. Mas ninguem disse que ele não recebeu nada, certo?
O nome é até bonito "dinheiro de origem não identificada" , ou melhor "dinheiro de entidades vedadas a doação eleitoral", lindo né?
E é claro que nessas horas o "advogado" nunca é encontrado para falar com a imprensa. Mais uma vez a prova que terei meu dinheiro jogado fora por mais 4 anos...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Sem comentários

Cagada geral..... todo mundo deveria ir preso nesse caso do médico ao delegado...mas estamos no Brasil, certo???

DA Folha SP

Laudo inocenta mãe acusada de matar filha

Daniele foi acusada de colocar cocaína na mamadeira; ela foi libertada e diz que agora quer saber do que a filha morreu

O laudo definitivo do material colhido na boca e na mamadeira da criança divulgado anteontem negou o uso da droga

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A TAUBATÉ (SP)

Foi colocada em liberdade ontem, depois de 37 dias de prisão, a jovem Daniele Toledo do Prado, 21, acusada injustamente de envenenar a própria filha, Victória Maria do Prado Iori Camargo, de apenas um ano e três meses, com cocaína colocada na mamadeira da menina.
Laudo definitivo do Instituto de Criminalística provou que não era cocaína o pó branco encontrado na mamadeira. Também deu negativo para cocaína o exame feito no pó branco encontrado na boca da criança e recolhido no hospital.
Caiu assim a única evidência que incriminava Daniele, um laudo provisório que a levou à prisão logo que constatada a morte clínica da menina, às 10h40 de 29 de outubro. O alvará de soltura foi concedido pelo juiz da Vara do Júri e da Infância e Juventude de Taubaté, Marco Antonio Montemor.
"Eu nem tinha ainda conseguido entender o que significava aquele pííííííííí do oxímetro [que indicava a ausência de pulso], a correria dos médicos para ressuscitá-la, o corpinho inerte da Victória ainda com o tubo saindo da boca, quando a doutora Érika me arrastou pelo braço para a sala onde estava minha filha, gritando: "Olha o que você fez, sua assassina. Encara o que você fez, monstro"."
Dali, sem tempo para chorar a perda da filha, Daniele foi levada para a cadeia pública de Pindamonhangaba. "Joga o bicho da mamadeira para cá." Essa foi a senha para o início da surra que deixou Daniele com a mandíbula quebrada, hematomas no corpo e lesões na cabeça, por causa das pancadas contra as grades da cela. Nada menos do que 18 presas participaram da ação contra a jovem.
"Uma presa enfiou uma caneta no meu ouvido e já ia dar um soco para que entrasse até o talo, quando outra lhe pediu que não fizesse isso. Então, ela quebrou a caneta e metade ficou dentro", lembra Daniele. Apesar dos gritos, o socorro só chegou duas horas depois, ao amanhecer, quando a jovem foi levada inconsciente para o pronto-socorro.

Doença estranha
Daniele e sua filha eram bem conhecidas no Hospital Universitário de Taubaté. A menininha tinha uma doença até hoje não diagnosticada, que a deixava inconsciente por várias horas. A criança tomava de quatro a cinco remédios diariamente, inclusive um para evitar convulsões, composto por pó branco. Por causa do agravamento de seu quadro clínico, os últimos quatro meses de vida de Victória foram um entra-e-sai do hospital, com várias internações na UTI.
No dia 8 de outubro, a filha internada, Daniele foi estuprada dentro do hospital. Bastante machucada e em estado de choque, foi atendida lá mesmo. Segundo o delegado-seccional de Taubaté (130 km de SP), Roberto Martins de Barros, um laudo confirma a violência sexual. Na delegacia, Daniele acusou, como autor do crime, um quintanista de medicina, do corpo de residentes do hospital.
"Ele me ameaçava e dizia, enquanto me estuprava, que sabia que eu precisava do hospital para cuidar da minha filha", lembra Daniele.
Depois da denúncia contra o residente, a moça teve de ir à delegacia outra vez, antes da morte da filha. Dia 19 de outubro, médicos do hospital denunciaram ter encontrado um pó branco suspeito no pescoço de Victória. Sem autorização da mãe, foram recolhidas amostras de sangue e de urina da criança. Suspeita: cocaína. O resultado deu negativo.
A última alta de Victória foi no dia 25 de outubro. Mas a menina podia voltar a ter uma de suas crises a qualquer momento. Foi entregue a Daniele uma carta de encaminhamento assinada por duas médicas. Se o quadro clínico da menina piorasse, ela tinha autorização para ir diretamente ao Hospital Universitário.
No dia 28, a criança teve nova crise e a mãe, como combinado, levou-a ao hospital. Não quiseram recebê-la. A mãe deveria levá-la primeiro ao Pronto-Socorro Municipal, onde chegou às 20h30.
A mãe denuncia que, mesmo inconsciente, a criança ficou sem atendimento até as 4h25, quando recebeu glicose em soro. Nesse momento, foi coletada a substância branca da língua da criança (a mesma que o exame preliminar do Instituto de Criminalística afirmava ser cocaína). Às 10h40, Victória morreu.
Assim que foi libertada, ontem, a mãe de Victória abraçou os familiares que a esperavam do lado de fora da Penitenciária de Tremembé (a 138 km de SP). Chorou e, depois, conforme havia pedido à advogada Gladiwa de Almeida Ribeiro, foi para o cemitério visitar o túmulo da menina.
Ela pretende entrar na Justiça para saber se a filha morreu por omissão de socorro ou por morte natural. Também quer punir o estuprador que a vitimou. "Eu tenho o direito de saber exatamente do que a minha Victória morreu."

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Mata Atlântica

Nesse ritimo a Amazonia deverá ser discutida por 100 anos....

Do site Greenpeace

Congresso aprova Lei da Mata Atlântica após 14 anos de discussões
Negociação feita na Câmara dos Deputados pode no entanto ameaçar as reservas legais do país. Texto depende agora de sanção do presidente Lula

Depois de 14 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Mata Atlântica enfim ganhou uma legislação capaz de regulamentar o seu uso e proteger o que resta de sua mata nativa - pouco mais de 7%. O projeto de lei 3295/92, que dispõe sobre a proteção da vegetação original da Mata Atlântica, foi aprovado na noite de quarta-feira (29/11) no plenário da Câmara dos Deputados e agora vai para sanção presidencial.

Apesar de ser uma grande conquista para a biodiversidade brasileira, a aprovação da Lei da Mata Atlântica deixou uma grande sombra pairando sobre outra questão importante para o meio ambiente do país: as reservas legais.

A bancada ruralista no Congresso queria que o texto fosse aprovado com o artigo 46, que prevê indenização a proprietários de terras na Mata Atlântica por potenciais prejuízos decorrentes da nova legislação. Quando passou pelo Senado, esse artigo foi modificado pela emenda 13, que estabeleceu as condições específicas em que poderiam ocorrer tais indenizações. No entanto, para conseguir a aprovação final na Câmara, para onde o texto voltou, os deputados fizeram um amplo acordo: o texto foi votado e aprovado com o artigo 46 original, com o compromisso do presidente Lula vetá-lo quando for sancionar a lei. Em contrapartida, abriria as discussões sobre as reservas legais.

Reserva legal é uma área de propriedade rural particular onde não é permitido o desmatamento, com o objetivo de manter condições de vida para diferentes espécies de plantas e animais nativos da região. A bancada ruralista do Congresso quer reduzir a porcentagem exigida na lei para a reserva legal em uma propriedade, que hoje é de cerca de 80% na Amazônia e 20% na Mata Atlântica, por exemplo.

"No médio e longo prazo, esse acordo pode pôr em risco as reservas legais, porque haverá uma grande pressão por parte dos ruralistas para que haja uma revisão para baixo dos números atuais. No curto prazo, se o presidente não vetar na íntegra o artigo 46, a ameaça é para a própria Lei da Mata Atlântica. Não concordamos nem com o artigo 46 nem com a discussões sobre as reservas legais. Por isso não participamos da negociação", afirmou o deputado federal João Alfredo (PSOL-CE).

O projeto de lei da Mata Atlântica foi apresentado no Congresso pela primeira vez em 1992 pelo então deputado Fabio Feldmann, de São Paulo. Ele define e regulamenta os critérios de uso e proteção do bioma da Mata Atlântica, reduzido atualmente a 7,3% de sua vegetação original, além de estabelecer uma série de incentivos econômicos à produção sustentável. Cria também incentivos financeiros para restauração dos ecossistemas, estimula doações de iniciativa privada para projetos de conservação, regulamenta o artigo da Constituição que define a Mata Atlântica como Patrimônio Nacional, delimita o seu domínio, proíbe o desmatamento de florestas primárias e cria regras para exploração econômica. A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do país e o segundo mais ameaçado do mundo.

"Estamos felizes com a aprovação dessa lei, que já deveria ter sido votada há uma década", comemorou Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil. "Mas estamos preocupados com o acordo feito na Câmara que poderá ter um efeito perverso sobre todas as florestas do país."

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